Ex-goleiro do Inter que trocou os gramados pela lavoura
Por anos, Luiz Müller viveu entre viagens, treinos e a pressão dos gramados. Rodou o país defendendo 18 clubes, entre eles, o Internacional. Começou tarde na profissão — “com 17 para 18 anos, por acaso” — mas em pouco tempo já vestia a camisa colorada, depois de se destacar em um amistoso.
Hoje, aos 44 anos e aposentado do futebol profissional, a cena é outra: ele acompanha o crescimento da lavoura e fala com brilho nos olhos sobre colheita, clima e mercado. O ex-goleiro virou produtor rural em Farroupilha, na Serra, onde cultiva hortaliças, milho, batata-doce e mantém criação de gado de corte e caprinos.
Natural de Feliz, Müller cresceu em meio às hortaliças. Os pais, Roque Albano Müller e Lúcia Madalena Müller, sempre viveram da terra. A família chegou a se dividir entre a cidade natal — que era quente no verão — e a Serra, justamente para produzir durante o ano todo. O forte da propriedade, na época, era o cultivo de morangos.
A decisão de parar com o futebol veio da vontade de estar próximo à família, aos 36 anos. Casado com Graciela Zatti, pai da Isadora e da Gabriela, Müller conta que cogitou seguir como treinador — chegou a fazer curso. Mas a agricultura falou mais alto. "Percebi que era a hora de voltar. Eu queria recomeçar. Um dia ouvi uma matéria da Embrapa, de Pelotas, sobre batata-doce. Fui lá visitar. Na nossa região ninguém produzia. Era uma chance de entrar com algo diferente e ter mercado", conta Müller.
A aposta deu certo. Hoje, a batata-doce é uma das culturas que sustentam a propriedade ao lado de repolho, brócolis, couve-flor, cebola e beterraba. A produção abastece dois estabelecimentos regularmente: um em Bento Gonçalves e outro em Farroupilha.
E embora longe do profissional, Müller não largou totalmente as luvas. Continua jogando, no mínimo, três vezes por semana e participa de campeonatos amadores. À coluna, chegou a comparar a vida na lavoura com o esporte que marcou a sua vida. "Os dois me deixam com o coração na mão. No futebol, tu é herói em um dia e, no outro, se não vai bem, já não serve. Na agricultura é igual: tu planta sem saber o que vai acontecer. Tem clima, tem oscilação de preço… Nada é garantido".
Publicado por

Susi Cristo
jornalismo@universallfm.com.br
Autor: *Reprodução de GZH
Publicado em: 04/12/2025, 16:58
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